A supertaça inglesa 2023 colocava frente a frente duas das melhores equipas do Mundo. A curiosidade de perceber como se apresentariam para esta final pairava no ar e o duelo entre Pep e Arteta denotou que o metro quadrado é muito importante.

Primeiros 25 minutos do domínio territorial do City

Apresentando-se com duas novidades no 11, Kovacic no habitual lugar de Gundogan e Alvárez na posição de De Bruyne, os citizens impuseram o controlo dos acontecimentos, conservando a posse de bola de forma exímia e reagindo rápida e eficazmente quando a perdia.

Na primeira fase de construção os azuis de Manchester posicionavam-se numa espécie de 2+4, sendo que o duplo-pivô do meio camo era sempre solicitado para construir, procurando o homem livre.

Como alternativa para a construção apoiada, o City fazia baixar Akanji para a construção e projetava ainda mais Walker.

Sendo obcecado pelo controlo do jogo, Guardiola conseguiu congelar a posse de bola e ter o controlo das operações, mas sem nunca ferir o adversário. Teve apenas duas ameaças, uma quando ativou Akanji no corredor esquerda e este cruzou para o corte fulcral, e outra situação em que recuperou a bola alta  e Rodri testou a meia-distância.

Resposta dos gunners

Aos 25 minutos surge a primeira grande oportunidade do encontro, protagonizada por kai Havertz, numa jogada que nasce nos pés do norueguês Odegaard. Quando a equipa de Arteta começou a conservar a bola com  mais critério e definir bem o passe, incomodou Ortega.

Apesar do controlo do jogo pelo City, o Arsenal apresentou um bloco defensivo compacto e bem preparado, tanto para retirar profundidade como para retirar iniciativa ofensiva. A partir desta primeira fase do jogo a equipa vermelha e branca solta-se mais e consegue, em certos momentos, instalar-se no meio-campo adversário.

Podemos ver a disposição da equipa em fase de criação, a forma como fixam a linha defensiva oponente e ocupam inteligentemente os pocket spaces. Se Rice parecer ser um reforço que vem solidificar o processo de organização defensiva e primeira fase de construção. Além disso, irá libertar Odegaard para espaços onde será letal.

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Quando recebe a bola em zonas privilegiadas o jogo do Arsenal flui de maneira diferente, conseguindo ferir a última linha oponente.

O primeiro tempo foi uma luta intensa pelo espaço, onde o Arsenal conseguiu criar as duas grandes oportunidades de golo que poderiam ter dado a vantagem ao intervalo.

Segundo tempo e as alterações que revitalizaram o City

A segunda parte foi outra história. A primeira alteração foi meramente posicional, com Bernardo a ocupar espaços mais perto do corredor central e a Walker a promover a largura. A partir daqui as opções para ligar o jogo do City eram mais e melhores

As substituições que devolveram imaginação

Com as entradas de De Bruyne e Foden a mobilidade e imaginação do City foi impulsionada, com estes médios a libertarem-se com mais eficiência da teia arsenalista e a chegar a zonas de finalização (ou potencial) em muito melhores condições

Na imagem, podemos constatar De Bruyne a receber a bola em situação vantajosa, de frente para o jogo e com espaço, numa possível situação de 6×5 para o City, algo que nunca foi possível no primeiro tempo.

Phil Foden na diferenciação e Palmer da definição

Receber a bola é um dos gestos mais importantes no futebol. Mas antes de receber é necessário entender o espaço que nos rodeia. O lance do golo dos cityzens espelha toda a qualidade do criativo Foden,

Após tirar do caminho a pressão de Partey, num gesto técnico de elevado nível, Foden descobriu uma clareira no bloco arsenalista. Palmer fez o “resto”, com uma finalização requintada.

Arsenal, até ao último suspiro

As alterações do City trouxeram dificuldades diferentes para os comandados de Arteta, que tiveram dificuldade em criar situações de perigo no 2º tempo. Ainda assim, a equipa conseguiu ter a capacidade mental para assumir e empurrar o adversário nos momentos finais da partida e chegar ao empate, com alguma sorte, diga-se

O jogo acabaria com a vitória do Arsenal nos penalties. Mas mais interessante que isso foi ver a prestação destas duas equipas. Um City, que apesar de ainda estar num processo de simbiose após as mexidas no mercado, é uma equipa que continua a querer ter o máximo controlo possível em todos os momentos do jogo, o que parece, em certos momentos, tornar o desafio estagnado. Contudo, a equipa sabe quando mudar a velocidade e de que forma ferir os adversários, mesmo quando parece adormecido. Kovacic necessita claramente de uma fase de adaptação ao modelo de jogo de Pep, mas tem tudo para ser uma mais-valia

Do lado do Arsenal, o peso das aquisições já se faz sentir. Rice veio dar claramente outra fluidez. O seu raio de ação e a sua eficiência nos vários momentos, com e sem bola, irão ser basilares na forma de jogar dos Gunners. Timbers teve uma ótima prestação, muito eficiente no processo defensivo. Ofensivamente não teve tanta solicitação, mas o jogo requeria muito mais dos momentos sem bola.

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